Por Maurício Santos Matos*
As terríveis imagens de crianças do povo yanomami em gravíssimo quadro de desnutrição, bem como a precária situação de saúde dos demais membros das comunidades localizadas próximas ao garimpo ilegal em Roraima, precisa jogar luz sobre uma questão: a sociedade humana necessita que a mineração de ouro, legal e ilegal, siga existindo?
Não há como saber a quantidade de ouro extraída no período do Brasil Colônia, mas a partir de registros históricos com informações da chegada de navios na Europa, estima-se que durante o Século XVIII foram transportadas para Portugal cerca de 870 a 950 toneladas. Parte desse ouro foi parar na Inglaterra, como pagamento da dívida externa portuguesa.
Hoje há quatro grandes destinos para o ouro: fabricação de joias, mercado financeiro, bancos centrais e tecnologia. Apenas nos bancos centrais dos países há estoque de mais de 37 mil toneladas em barras. Em 2022 a demanda mundial de ouro para ser utilizado na fabricação de componentes eletrônicos foi de 236 toneladas. Já o mercado joalheiro demandou mais de 1.500 toneladas.
Os números deixam evidente que se toda a extração de ouro no mundo fosse interrompida, devidos os sérios problemas socioambientais trazidos por esse tipo de mineração, a sociedade humana não sentiria sua falta, visto haver muito mais ouro já extraído do que a demanda anual mundial para uso em tecnologia.
É preciso pôr fim à mineração do ouro, legal e ilegal. A destruição causada por sua extração de nada serve ao pleno desenvolvimento da sociedade humana.
*Auxiliar de Administração, 27 anos de MPPA, Licenciado em Artes pela UFPA.