Por Hélio Taques*
Ah, a EDUCAÇÃO no Brasil… A cada eleição, a educação emerge como uma das principais promessas políticas, ecoando nos discursos de candidatos ávidos por votos e na esperança de uma população desejosa por mudança. É tipo aquela promessa de dieta que a gente faz todo início de ano: todo mundo fala que vai priorizar, mas na prática, a coisa desanda mais rápido que o baguncinha na mão de quem está com fome!
A cada eleição, lá vem os políticos com seus discursos cheios de promessas educacionais, como se fossem distribuir diplomas de graça no final do mandato. Mas, na vida real, a gente continua vendo salas de aula caindo aos pedaços e professores se virando nos trinta pra ensinar em lousa de vidro que ninguém enxerga nada.
Ao longo dos anos, ficou claro que essa prioridade proclamada, raramente, se traduz em ações concretas. Enquanto a retórica política enaltece a importância da educação como pilar fundamental para o desenvolvimento nacional, a realidade das salas de aula e dos corredores das escolas brasileiras conta uma história diferente. As eleições municipais estão chegando, será novidade o discurso que a educação é prioridade?
Há duas décadas, o panorama educacional brasileiro já apresentava desafios consideráveis, como a falta de infraestrutura adequada nas escolas e metodologias pedagógicas obsoletas. No entanto, hoje nos deparamos com problemas ainda mais complexos e alarmantes, que não apenas persistem, mas se intensificaram e refletem em crimes que “chocam” como os “serial killers do Uber” em Cuiabá nos últimos dias.
Aliás, essa é uma das preocupações mais prementes – o crescente recrutamento de jovens por facções criminosas. Veja, nobre leitor, que até parece que o currículo escolar incluiu uma matéria de “máfia básica” sem a gente saber! Nas ruas, está mais fácil encontrar um criminoso mirim do que uma biblioteca bem equipada, enquanto os políticos discursam sobre como a educação vai salvar o mundo. Estou sendo hiperbólico? Talvez não!
O aumento do aliciamento de estudantes desde o ensino fundamental não apenas compromete o futuro desses jovens, mas também mina os esforços para construir uma sociedade mais justa e segura. Enquanto o discurso político discorre sobre a importância da educação para combater a criminalidade, a realidade é que o abismo entre as palavras e as ações continua a se alargar. Então, “Xô Mano” vote consciente!
Outrossim, as deficiências estruturais e pedagógicas persistem, perpetuando um ciclo de desigualdade e injustiça social. A precariedade das instalações escolares, a falta de materiais didáticos adequados e a carência de formação continuada para os professores são apenas alguns dos desafios que continuam a assombrar o sistema educacional brasileiro. Enquanto isso, o mundo avança, exigindo habilidades e competências que muitas escolas brasileiras ainda não conseguem oferecer.
Nesse contexto, é importante que os cursos de licenciatura aprimorem seus currículos, atualizem suas estratégias de ensino e preparem os futuros professores para os desafios contemporâneos da educação. Os cursos de licenciatura no Brasil, hodiernamente, parecem ainda trabalhar a base do mimeógrafo e do fax. Não é mesmo? Além disso, as escolas precisam ser equipadas com materiais didáticos-pedagógicos adequados, que estimulem o aprendizado e promovam o desenvolvimento integral dos estudantes. Chega de materiais de EVA (Etil Vinil Acetato) e recortes de jornais antigos! Estamos na era digital e os alunos estão mais conectados do que os docentes. Pode isso, Arnaldo?
Ademais, é lamentável que um estudante do Ensino Médio não saiba a diferença básica entre Ministério Público, Poder Judiciário ou Defensoria Pública. É triste constatar que um aluno da educação básica não conheça a história e a geografia de Mato Grosso e literatura regional. Ele nunca vai sentir o sentimento de pertencimento se não souber disso. Não dá pra perceber isso? Será que a sociedade não vê isso? Está fácil encontrar um estudante que confunda um evento histórico com trechos de um filme da Marvel! Que adultos estão sendo preparados? Ah, e continuamos votando nos mesmos candidatos e tirando “selfie” com políticos acusados de corrupção que estampam as capas de site!
Diante desse cenário desolador e de terror, é imperativo que a educação deixe de ser apenas um tema conveniente para discursos políticos vazios e se torne uma verdadeira prioridade nacional. Investir na educação não é apenas investir em prédios e materiais, mas sim no futuro do país e de suas gerações.
É hora de os governantes assumirem um compromisso sério e efetivo com a melhoria da educação, implementando políticas que abordem não apenas as lacunas existentes, mas também os desafios emergentes. E os eleitores saibam que o voto vale muito mais que um momento de obrigação eleitoral. Aqui vale a máxima: quer mudança? Seja a mudança! É, meu amigo leitor, parece que na escola da vida brasileira, a gente tá mais pra “sobrevivência” do que “educação”. Que tal se a gente desse um jeito nisso antes que a próxima geração ache que o Pelé é um jogo de PlayStation?
*Hélio Taques é servidor do MPMT, professor, artista e escritor.